Ser ou Fazer de Conta Que É, Eis a Questão

Marco Aurélio Spalding Verdi- Designer Gráfico

A autenticidade é um atributo em alta na construção de marcas

 

É certo que houve, e ainda há, enormes transformações na comunicação das empresas e das suas marcas, assim como também evoluíram os consumidores e sofisticaram-se os mercados. Enfim, todos esses movimentos acabam por quebrar paradigmas estabelecidos há muito e criar novos códigos, linguagens e posturas. Uma destas mudanças em particular me parece muito interessante para análise e, mais do que isso, tem sido uma questão recorrente no dia a dia de trabalho, no desenvolvimento de identidades visuais e posicionamento de marcas. Usando a ajuda do bardo inglês, eis a questão: ser ou fazer de conta que é?

 

O mercado hoje espera das marcas algo mais do que bons produtos e serviços, ele demanda por identificação de valores, visão de mundo e de negócio; busca conhecer sua história, seus processos; cobra posicionamento em questões sociais, ambientais, humanitárias. Os mais ingênuos podem achar que tudo isso é apenas uma questão de fachada, como vestir uma fantasia, criar uma imagem para a plateia, enfim, fazer de conta que corresponde às novas ‘modas’... Mas não é tão simples e nem tão fácil. A rede de informações hoje proporciona um controle muito maior sobre as ações das empresas, sua história, sua ética e interesses. Recentemente no Brasil o Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) e o Procon (Serviço de Proteção ao Consumidor), entraram em cena, proibindo marcas nacionais com alto investimento publicitário de veicular histórias inventadas sobre a origem de seus produtos. Chato, né? O preço a pagar por essas ‘mentirinhas’ pode ser ainda maior do que reimpressão das embalagens e resultar em danos irreversíveis na imagem da marca.

Acredito que a busca por mais autenticidade se configura uma tendência não apenas na comunicação, mas nas próprias relações de negócio. Talvez estejamos lentamente nos aproximando de um ponto onde a ‘enganação’ seja, enfim, preterida em favor da transparência. O novo paradigma sugere que não se constrói uma imagem, constrói-se um modelo de negócio que reflete sua imagem, sem truques. Assim,  buscar coerência e fidelidade à própria essência torna-se um requisito importante para o sucesso de novos negócios. A afinidade entre o empreendedor, o negócio, o produto, o serviço, o atendimento, a comunicação... tudo fluindo de forma orgânica graças às facilidades de um trunfo imbatível: uma marca com alma.